PM do Piauí usará viatura lilás em casos de violência contra a mulher: ‘todos vão saber que é um agressor’
Viatura lilás de enfrentamento à violência contra a mulher. — Foto: Isabela Leal / g1
A Secretaria de Estado das Mulheres do Piauí (Sempi), realizou na manhã desta sexta-feira (10) o lançamento de Estratégias de Enfrentamento à Violência contra a Mulher. Na ocasião, a Secretaria de Segurança Pública fez a entrega de três viaturas na cor lilás para a Patrulha Maria da Penha. Segundo o secretário de segurança do Estado, Chico Lucas, uma das funcionalidades da cor da viatura é provocar constrangimento social ao expor o agressor.
A proposta visa criar um protocolo de atendimento à mulher em situação violenta. A solenidade aconteceu no Centro de Educação Profissional da Polícia Militar do Piauí, localizado na Zona Sul de Teresina.
“As viaturas serão efetivadas amanhã (11) no Corso e teremos um stand só para atender vítimas de assédio e importunação sexual. O agressor que não respeitar o corpo da mulher será conduzido na viatura lilás e por mulheres. Os direitos das mulheres precisam ser respeitados. As viaturas vão atuar nas festas carnavalescas”, ressaltou.
Secretário de Segurança do Estado, Chico Lucas. — Foto: Isabela Leal / g1
O secretário destacou ainda que após as festividades de Carnaval, a frota da viatura lilás deve ser aumentada na Secretaria das Mulheres e na diretoria de defesa social.
“Quando uma juíza da Maria da Penha der uma medida restritiva ao agressor, a patrulha verificará o cumprimento da medida. Se não estiver sendo cumprida, as policias irão prender o agressor na viatura lilás. Todos devem saber que o homem levado por essa viatura específica é um agressor”, disse.
Coordenadora da patrulha Maria da Penha, capitã Leoneide Rocha. — Foto: Isabela Leal / g1
A coordenadora da patrulha Maria da Penha, capitã Leoneide Rocha, lembrou do caso de Janaína Bezerra, jovem estuprada e morta dentro da Universidade Federal do Piauí (UFPI).
“O crime nos abalou muito. E não é só por esse caso brutal. Já tínhamos políticas que lutavam contra esse tipo de violência. O protocolo lançado aqui hoje não inventa nada, apenas organiza o fluxo de atuação da polícia”, afirmou.
Enfrentamento à violência
Entrega de viaturas lilás para combater a violência contra a mulher. — Foto: Isabela Leal / g1
A presidente do Conselho Estadual de Direito de Defesa da Mulher no Piauí, Tatiane Seixas, defendeu que o estado deve combater a violência, mas que a cultura do machismo, do patriarcado, da violência e do estupro deve ser enfrentada também pela sociedade.
“Nóa mulheres bradamos pelo fim da violência. O homem precisa aprender a denunciar o outro homem. Eles precisam assumir um problema que é deles. Mesmo que a sociedade cultive valores equivocados, a culpa de ninguém é isentada. Todas nós conhecemos mulheres que já foram agredidas. Esse comportamento não pode ser normalizado”, disse.
Para as mulheres vítimas de violência, Tatiane alerta que as mulheres precisam entender que elas podem ser acolhidas.
“Não é fácil criar coragem para denunciar. Não é fácil viver sobre a marca da violência e decidir denunciar. Mas a Polícia Militar do Piauí está trabalhando para que esse enfretamento seja efetivo. Em casos de agressão, disque 180”, finalizou.
Uma vítima a cada 72 horas no Piauí
O Piauí registrou 75 casos de violência contra a mulher entre o mês de agosto de 2021 e janeiro de 2022, segundo levantamento, divulgado nesta quinta-feira (24), pela Rede de Observatórios de Segurança. O número indica que, em média, a cada 72 horas, uma mulher é violentada no estado.
Fonte: G1 Piauí