Funcionário é demitido após denunciar injúria racial de colega do trabalho
O operador de máquinas, Abraão Teixeira, foi demitido de uma empresa em Teresina após denunciar a injúria racial que sofreu por outro trabalhador. Sem apoio da própria empresa, ele denunciou o caso à polícia e o suspeito foi preso em flagrante. Porém, a administração decidiu demitir a vítima por denunciar o crime
Segundo Abraão Teixeira, a situação foi iniciada após uma conversava com um colega de trabalho sobre a injúria racial sofrida pelo jogador de futebol, Vinícius Júnior, quando foi surpreendido pelo agressor. A vítima disse que buscou uma punição interna, mas a empresa comunicou ao funcionário que só puniria o agressor se a situação voltasse a acontecer.
“Ele entrou na conversa falando que todo preto é macaco e que a escravidão nunca deveria ter acabado e que eu podia filmar ele que não ia dar em nada. Meus colegas de trabalho ao redor ficaram assustados, pasmos, ficou aquele clima tenso, pesado e ficaram olhando para mim, porque se direcionou a mim”, contou Abraão.
Após a prisão do agressor, segundo a vítima, a demissão ocorreu de forma “grosseira”. “O dono da empresa nem me chamou para ir à sala dele ou algo do tipo. Eu estava com meu pai no meio da fábrica, falando sobre o caso, o que poderia vir que estávamos preocupados”, disse a vítima.
“Ele chegou em uma abordagem agressiva, alterado e disse que eu não sabia o que era dormir na cadeia, que eu não tinha direito de levar nenhum funcionário dele à prisão. Falou que eu podia pegar meus traumas e ir para casa, me demitiu e disse eu não precisava voltar no outro dia e ficou por isso”, completou Abraão.
O advogado da vítima, Érson Lima, lembra que o crime de injúria racial foi equiparado ao crime de racismo e pode levar a até cinco anos de prisão, além de ser inafiançável. Ele também considera a ação do dono da empresa uma segunda discriminação e vai buscar reparação na Justiça do Trabalho pela situação.
“Cabe uma reparação diante do dano sofrido pelo Abraão, que pode ser de forma objetiva, ou seja, uma responsabilidade que independe da comprovação da culpa nesta situação. Porque ao buscar o superior ele não teve solução. Ele comunicou e a solução foi que ele foi demitido, sem justa causa, mas foi discriminado por buscar os direitos dele”, explicou o advogado.
“Não dá para aceitar, não dá para entender, na verdade, a cabeça de uma pessoa que pensa que você é menos humana que ela só por causa da sua cor”, finalizou Abraão.