Diretora de abrigo em Goiás que entregou criança para tia em Uruçuí é presa
A diretora do abrigo em Goiás, onde estava a menina Maria Eduarda Vitória de Sousa, que morreu com sinais de espancamento em Uruçuí, após ter sido entregue a tia, sem autorização judicial, foi presa nesta sexta-feira (27).
A mulher é suspeita de maus-tratos e tortura, como prender crianças em um quarto escuro por dias para que se comportassem melhor.
Além da prática de tortura e maus-tratos, a diretora do abrigo também está sendo investigada por encaminhar crianças e adolescentes para a famílias substitutas sem a devida autorização judicial.
Um dos casos investigado é da criança de 5 anos, que morreu em Uruçuí, no dia 14 de outubro. Maria Eduarda e o irmão estavam no abrigo, administrado pela diretora, e foram entregues a tia, em Uruçuí, de forma irregular.
Maria Eduarda deu entrada no hospital com sinais de espancamento e morreu vítima de traumatismo craniano. A tia, principal suspeita do crime, está presa em Uruçuí.
O nome da diretora investigada não foi divulgado pela polícia. Por esse motivo, o G1 de Goiás, não localizou a defesa dela para se manifestar sobre os crimes.
A reportagem tentou contato com a Prefeitura de Posse e com o Conselho Tutelar da cidade em busca de um posicionamento e aguarda retorno. As tentativas foram feitas por e-mail e telefone, às 16h de sábado (28).
Além da prática de tortura e maus-tratos, a diretora do abrigo também está sendo investigada por encaminhar crianças e adolescentes para a famílias substitutas sem a devida autorização judicial.
“A diretora era conivente e também praticava abusos. Além dos maus tratos, ela coagia o pessoal da assistência social a emitir pareceres sociais destoantes da realidade, para colocar crianças em famílias substitutas”, afirmou o delegado Humberto Soares, responsável pelo caso.
Desvio de doações e aborto
Ao todo existem 23 crianças no abrigo e todas continuam no local após a operação policial.
Segundo o delegado Humberto Soares, a diretora também é suspeita de desviar doações enviadas ao abrigo para proveito próprio. A mulher teria também feito um aborto ilegal em uma criança do abrigo.
“Há sim uma denúncia de aborto ocorrido dentro da casa tendo uma das crianças como vítima. Estamos apurando a autoria e a materialidade delitiva, bem como a circunstância da diretora ter procedido ao aborto e encoberto os fatos”, detalhou.
Durante operação, a polícia cumpriu mandado de busca e apreensão na casa da suspeita e na casa de acolhimento. Foram apreendidos documentos para as investigações.
Castigos e maus-tratos
A Polícia Civil afirma que começou a investigar o abrigo após ter recebido denúncias de que crianças e adolescentes eram submetidas a tratamento cruel no local.
Durante as investigações, algumas vítimas e testemunhas relataram que os internos eram colocados de castigo, havendo episódios em que as crianças não recebiam alimentação básica como forma de punição por mau comportamento.
O delegado afirma que também há notícias de que as crianças não tinham acesso à assistência médica e eram proibidas de participar de atividades sociais.
Fonte: G1