Tributo a José Crisóstomo Gomes de Oliveira
Os policiais foram acionados por volta das 16h30 de domingo, com a informação de que ele estava no hospital de Cajueiro da Praia. Ao chegar no local, a polícia constatou a morte do professor.
O professor em questão era cunhado do jornalista Feitosa Costa, que escreveu uma homenagem.
Tributo a José Crisóstomo
Tudo começou num bairro chamado Parquelândia….
Há pouco mais de 50 anos a Parquelândia, em Fortaleza, era um bairro de classe média, vizinha ao Parque Arachá, ao Campo do Pio e ao Amadeu Furtado.Havia poucos meses que meus pais tinham decidido fincar residência lá, deixando o Monte Castelo.
Um dia, chegando em casa de uma atividade esportiva noturna na quadra do colégio Júlia Jorge, encontrei minha irmã Socorro, Coinha, abraçada no jardim a um rapaz magro que eu já tinha visto nas redondezas.Sorridente, o rapaz foi na minha direção com a mão estendida e com a cara trancada, o ignorei completamente, coisa de irmão ciumento e metido a guardião.
No outro dia, já exercendo a vocação para apurar as coisas, soube que se tratava de um aluno do curso da Escola de Agronomia do Ceará, no Antônio Bezerra.
Filho do “seu” José Gomes, um rigoroso fiscal da Fazenda do Estado do Ceará, e de dona Juvanira, uma espécie de “mãe” do quarteirão, o rapaz estava prestes a concluir o curso de engenharia agronômica.
Nessa época meus avós paternos e uma dezena de tios irmãos do meu pai já moravam na Campos Sales, em Teresina e recebiam periódicas visitas de minha mãe.
Na ausência de minha mãe, uma guerreira chamada Olivia, eu me orgulhava de ser o homem da casa pois meu irmão era mais novo e a mais velha era mulher.
Passei pelos menos dois meses para admitir aquele namoro mas as tardes de futebol no pequeno campo do “Bardhal” me aproximaram daquele que seria pouco tempo depois o marido de minha irmã.
Naquele tempo a rejeição foi se transformando em admiração porque além de ser um aplicado universitário aquele rapaz eloquente comparecia às passeatas de protesto contra o regime militar.
A formatura não demorou muito e o casamento ocorreu na Igreja de São Gerardo, na avenida Bezerra de Menezes.Além da recepção na Igreja, o pai da noiva e meu, Manoel Feitosa, patrocinou outra festa na nossa casa que só terminou por volta de 9 horas da manhã do dia seguinte.Claro que os noivos tinham saído muito mais cedo para uma noite num hotel na beira da praia.
O primeiro emprego foi numa fazenda em Mombaça, interior do Ceará cujo acesso à sede só era possível a bordo de jeep 4×4.
O primeiro filho, João Gutemberg, nasceu na policlinica, em Fortaleza e ficou logo na nossa casa, a dos avós maternos enquanto os pais ganhavam a vida na distante fazenda de Mombaça.
Tempos depois a Ancar no Piauí precisava de agrônomos e logo lhe foi dada a missão de chefiar o escritório de União, onde me acostumei a passar as férias vindo de Fortaleza.
A etapa profissional seguinte foi o ingresso na Universidade Federal do Piauí com um mestrado em Piracicaba já com a família completa: a mulher, Socorro, e os filhos Gutemberg, o Guto, Crisóstomo, Cris, e Gustavo.
Amante da vida costumava reunir familiares e amigos na sua casa da rua Acésio do Rego, na Ininga, e trabalhar com os filhos.
O professor José Crisóstomo Gomes de Oliveira, frequentava a igreja católica com assiduidade porque realmente acreditava em Deus. Detestava a hipocrisia e bajuladores. Era um homem bom, de Grande coração, cuja cabeça beirava a genialidade.
Na tarde do último domingo, nas águas esverdeadas de Barra Grande o perdemos, mas, como me disse minha filha Olivia, que o amava , “o tio foi em paz, fazendo o que ele amava e acima de tudo fazendo o que ele gostava”.