Corpo de paciente que morreu em UPA é mantido em banheiro por falta de necrotério no Piauí
O corpo de um paciente que faleceu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de São Raimundo Nonato, no Sul do Piauí, foi mantido dentro de um banheiro devido à falta de um necrotério adequado. A situação ganhou destaque nesta semana após a imagem do cadáver, envolvido em lençóis no local, circular nas redes sociais.
Um funcionário da unidade, que preferiu não se identificar, confirmou que o caso ocorreu na última quinta-feira (6). Segundo ele, na ausência de um local apropriado, quando há óbitos, o corpo também pode ser deixado em leito com outros pacientes ou em corredor de pouco fluxo enquanto aguarda a remoção.
“Todos os óbitos que vêm acontecendo ou são trancados no banheiro ou permanecem no leito junto com outros pacientes ou colocam em corredor sem muito fluxo de pessoas”, relatou o profissional.
Ele também ressaltou a falta de pessoal para o manejo do paciente morto, afirmando que a UPA demitiu os maqueiros.
“Não existem mais maqueiros para fazer esse serviço, demitiram todos. Quem está fazendo esse papel é o pessoal da enfermagem”, afirmou.
Ação judicial e alerta sanitário
Há cerca de um mês, a 2ª Vara da Comarca de São Raimundo Nonato emitiu um parecer favorável a uma ação movida pelo Ministério Público do Piauí (MP-PI). A ação se baseou em um relatório da Diretoria de Vigilância Sanitária (Divisa) que classificou a situação do local como “inaceitável.”
A Justiça estabeleceu um prazo de 60 dias para que a direção da UPA tomasse providências para obter o licenciamento sanitário. Além disso, a Sociedade Brasileira Caminho de Damasco (SBCD) deveria apresentar o procedimento licitatório para realizar uma reforma na unidade.
Outro lado
A Sociedade Brasileira Caminho de Damasco (SBCD), organização social responsável pela gestão da UPA, se manifestou sobre o ocorrido. A entidade esclareceu que a sala que funcionava como necrotério foi cedida ao Instituto de Medicina Legal (IML), a pedido do Ministério Público (MP), para dar suporte aos procedimentos periciais.
Desde então, uma sala desativada foi adaptada para as atividades, seguindo as normas de segurança, segundo a SBCD.
Confira a nota da UPA
A direção da UPA de São Raimundo Nonato esclarece que a sala originalmente utilizada como morgue foi cedida ao Instituto Médico Legal (IML), atendendo a uma solicitação formal do Ministério Público (MP), com o objetivo de apoiar as atividades periciais e garantir a adequada condução dos procedimentos legais.
Para assegurar a continuidade dos serviços internos, uma segunda sala, que se encontrava desativada, foi adaptada exclusivamente para a guarda temporária de corpos, respeitando todas as normas de segurança e biossegurança vigentes.