Fórum de Mulheres faz ato silencioso na UFPI para lembrar vítimas de feminicídio no Piauí no Dia da Mulher
Grupo faz protesto silencioso na UFPI para lembrar vítimas de feminicídio no Piauí no Dia da Mulher — Foto: Fórum de Mulheres Piauienses
O Fórum de Mulheres Piauienses realizou um protesto silencioso na entrada da Universidade Federal do Piauí na manhã desta quarta-feira (8) para relembrar mulheres que foram vítima de feminicídio no estado. O protesto acontece nesta quarta por ocasião do Dia Internacional da Mulher.
O grupo instalou 18 cruzes no pórtico de entrada da universidade, na Avenida Nossa Senhora de Fátima. As cruzes trazem o nome de Janaína Bezerra, estudante de jornalismo que foi brutalmente assassinada dentro da instituição, e a data 27 de janeiro de 2023, quando o crime aconteceu.
de Janaína da Silva Bezerra, de 22 anos, foi morta após ser estuprada e ter o pescoço quebrado em Teresina — Foto: Reprodução
“É um protesto silencioso, para relembrar o caso da Janaína e para falar do feminicídio em geral, e da violência doméstica, um trabalho de reflexão. Existem outras Janaínas por aí“, comentou a advogada Tatiana Cardoso, coordenadora do Fórum de Mulheres Piauienses.
Em 2021, 37 mulheres foram vítimas de feminicídio no Piauí. O número é quase metade do total de mortes violentas de mulheres, 78 casos. Em 2022, 23 foram mortas por conta de sua condição de mulher no estado. Em pouco mais de 2 meses em 2023, quatro casos de feminicídio foram computados.
Além de não deixar que o assassinato de Janaína caia no esquecimento, o grupo busca também pedir mais rapidez na apuração de casos de violência contar as mulheres e mais segurança em todos os ambientes, incluindo a própria universidade.
Grupo faz protesto silencioso na UFPI para lembrar vítimas de feminicídio no Piauí no Dia da Mulher — Foto: Fórum de Mulheres Piauienses
“O caso da Janaína afetou todas as mulheres, e também as estudantes que ainda se encontram nesse espaço. Era uma menina cheia de sonhos, a 1ª da família a entrar na universidade, e foi uma vida que se perdeu. Ela foi o primeiro caso de assassinato, mas não o primeiro de violência, de assédio dentro da UFPI”, comentou a socióloga Marcela Castro, membro do Fórum.
Janaína Bezerra
O que se sabe sobre assassinato de estudante de jornalismo na Federal do Piauí
Janaína da Silva Bezerra, 22 anos, foi estuprada e assassinada na madrugada do dia 28 de janeiro, sábado, durante uma festa de calourada ocorrida no espaço do Diretório Central dos Estudantes (DCE), no campus de Teresina, na Universidade Federal do Piauí (UFPI).
O suspeito do crime, Thiago Mayson da Silva Barbosa, 28 anos, segue preso. Ele é estudante do mestrado em matemática da instituição e foi encontrado com a jovem desacordada nos braços na manhã do dia 28 de janeiro por um segurança da instituição, que conduziram a vítima e o suspeito ao Hospital da Primavera.
No hospital, a equipe médica relatou que ela já chegou sem vida. O laudo do IML constatou que ela sofreu estupro e morreu em decorrência de ter tido o pescoço quebrado, o que pode ter acontecido por torção ou tentativa de asfixia.
Thiago Mayson foi preso em flagrante e, durante o depoimento, ele alegou que viu Janaína na calourada e que a convidou para uma sala do mestrado em Matemática. Segundo ele, a jovem aceitou o convite e os dois mantiveram relação sexual consentida. Confira o depoimento dele e de testemunhas clicando aqui.
Pouco tempo depois, o processo que apurava a morte da estudante universitária foi posto em segredo de justiça
Conclusão do inquérito
Delegada Nathalia Figueiredo, do Núcleo de Feminicídio do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) – Teresina – Piauí — Foto: Lucas Marreiros/g1
Após a conclusão do inquérito policial, Thiago Mayson foi indiciado pelo crime de homicídio duplamente qualificado. O indiciamento também inclui os crimes de estupro, vilipêndio de cadáver (violência após a morte) e fraude processual, já que foi constatado que o suspeito tentou ocultar provas do crime.
As qualificadoras para o crime de homicídio são formas de somar outros crimes na acusação para aumentar a pena. No caso de Thiago Mayson, dois pontos foram considerados agravantes: emprego de meio cruel (já que ela morreu em decorrência de uma asfixia em que teve o pescoço quebrado) e por feminicídio (considerando a condição de mulher da vítima).
A delegada Natália Figueiredo, responsável pela investigação do caso, revelou que Thiago Mayson praticou violência sexual contra a estudante quando a jovem já estava morta. Ele chegou a fazer fotos da vítima durante o estupro, enquanto ela sangrava.
Justiça aceita denúncia
Thiago Mayson teve a prisão decretada suspeito de ter matado a estudante de jornalismo na UFPI. — Foto: Reprodução Rede Social
A Justiça do Piauí aceitou a denúncia contra o estudante de mestrado. O processo foi distribuído semana passada e correrá na 1ª Vara do Tribunal do Júri. O mestrando Thiago Mayson Barbosa, de 28 anos, está preso desde o flagrante, na Cadeia Pública de Altos.
A Justiça converteu a prisão em flagrante para preventiva durante audiência de custódia ocorrida um dia após o crime, no dia 29 de janeiro. Com a prisão do suspeito, o inquérito foi concluído em nove dias, a denúncia foi feita pelo Ministério Público no dia 14 de fevereiro, sendo aceita pela Justiça no dia 17.
O acusado foi citado pela Justiça no dia 24 de fevereiro, tornando-se réu pelos crimes praticados contra Janaína. A partir dessa data a defesa dele tem dez dias para se manifestar e, em seguida, o caso deve voltar à Justiça para que a audiência de instrução e julgamento seja marcada.
Nessa audiência, serão ouvidas testemunhas e o próprio acusado. Em seguida, o juiz decidirá se o caso realmente vai para o Tribunal do Júri ou não.
Laudos ainda são aguardados
Alguns laudos ainda são aguardados para serem juntados ao processo, como o resultado do exame toxicológico da vítima e do suspeito, e outro que foi pedido pelo promotor João Benigno Filho, que é de análise de material genético do Thiago. Não há previsão para os resultados saírem.
O g1 apurou que a sala de aula onde ocorreu o estupro e assassinato de Janaína Bezerra está fechada há um mês. A coordenação do Programa de Pós-Graduação em Matemática informou que outra sala foi disponibilizada aos estudantes de mestrado e doutorado.
Caso Janaina Bezerra
Revolta e indignação
Estudantes e familiares de Janaina Silva se reúnem em vigília na UFPI após seu assassinato — Foto: Lívia Ferreira/g1PI
O estupro e morte de Janaína Bezerra gerou revolta e indignação aos estudantes e professores da UFPI. Dois dias após o crime, no dia 30 de janeiro, alunos, professores, servidores, amigos e familiares da vítima se reuniram em protesto. Centenas de pessoas compareceram ao ato que aconteceu em frente à reitoria da instituição. Com cartazes, os manifestantes demonstraram revolta pelos crimes praticados contra a jovem.
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No mesmo dia, foi realizada uma vigília na UFPI. Bastante emocionada, a mãe de Janaína, Maria do Socorro Nunes, cobrou por justiça pela morte da filha.
Estudantes ocupam reitoria da UFPI e pedem respostas sobre estupro e morte de aluna em sala da instituição — Foto: Ilanna Serena/g1
No dia 31 de janeiro, estudantes da UFPI e representantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE) ocuparam a reitoria da instituição. Os estudantes pediam o posicionamento do reitor Gildásio Guedes sobre o caso de Janaína Bezerra.
Fonte: G1 Piauí